O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, com a produção do arroz Terra Livre, produz mais de 12,8 milhões de kg de arroz, tornando-se a maior experiência de produção de arroz orgânico da América Latina.
Entre os dias 13 a 16 de novembro de 2022, a turma Valdir Duarte, do Curso Especialização e Extensão em Realidade Brasileira, uma parceria entre a UFFS – Laranjeiras do Sul e as organizações do Fórum Regional, realizaram um intercâmbio na região metropolitana de Porto Alegre, para conhecer e refletir sobre a experiência de produção de arroz orgânico do MST em assentamentos da reforma agrária, desde o plantio até a comercialização. O intuito foi conhecer toda a cadeia produtiva, chegando até o armazém do campo. A experiência da produção agroecológica do arroz Terra Livre, reúne 364 famílias, mais de 3000 hectares de terras certificadas, que produzem mais de 12,8 milhões de kg de arroz, tornando essa a maior experiência de produção de arroz orgânico da América Latina.
Na visita de estudo os educandos e educandas, lideranças do Fórum Regional e coordenação pedagógica do curso, puderam compreender o trabalho desenvolvido pelo movimento na organização da produção e da comercialização no território, por meio de visita a lavoura do arroz no assentamento Filhos de Sepé, da cooperação e intercooperação, da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados na Região de Porto Alegre – Cootap e da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita – Coopan. As cooperativas têm parcerias com institutos, universidades e órgãos governamentais para estudos, experimentos e produção técnico-científica, produção de tecnologia a partir da luta organizativa pela terra. Destaca-se a importância do processo de planejamento, avaliação e reavaliação continuamente dos processos de gestão das atividades da cooperativa.
A turma conheceu a experiência em cadeia nacional de comercialização de produtos da agricultura familiar e camponesa que é o Armazém do Campo em Porto Alegre, um espaço também de cultura e simbologia da luta pela terra e produção de alimentos.
A turma também participou do Festival de Saúde e Cultura, organizado pelo Levante Popular da Juventude em parceria com a FioCruz, o qual teve diversas apresentações culturais, oficinas sobre saúde e também uma intervenção na comunidade Cruzeiro, através de uma marcha em prol do SUS em defesa da saúde pública e de qualidade e não a terceirização. Foi nesta comunidade que nasceu o Levante Popular da Juventude há 10 anos atrás.
Também a coletividade da turma teve a oportunidade de conhecer e realizar uma refeição em uma iniciativa de cozinha comunitária. A cozinha coordenada pela liderança conhecida como tia Lúcia, começou com 50 famílias, hoje atende em média 150 famílias. Os alimentos são oriundos dos assentamentos do MST e outras parcerias da região. Só na região metropolitana, o MST acompanha 100 cozinhas comunitárias de combate à fome.
A turma ficou alojada no Instituto de Educação Josué de Castro, situado no assentamento Filhos de Sepé em Viamão, que realiza cursos técnicos e de graduação para jovens de assentamentos da reforma agrária, com capacidade de atender a demanda de formação de jovens que buscam se qualificar para atuarem nos seus assentamentos em todo o Brasil.
Segundo a educanda da turma, Camila Jessica Rotermel, “a visita proporcionou aos estudantes conhecerem na prática o que o MST e o Levante Popular da Juventude buscam em torno da luta popular por direitos, luta que é de todos e envolve não somente a necessidade de acesso a terra, alimentos saudáveis e saúde, mas por condições adequadas para viver e produzir. Ainda, segundo Camila, o Curso de Especialização em Realidade Brasileira possibilita acúmulos técnicos e conhecimentos da sociedade, sob o desafio de aproximar o sujeito da realidade na comunidade onde se está inserido e tornar-se sujeito ativo do processo de luta”.
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