Em sua 19º edição, a Festa Regional das Sementes, é organizado pelo Fórum Regional das Organizações e Movimentos Sociais Populares do Campo e da Cidade do Sudoeste do Paraná, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da prefeitura local e o almoço organizado pelo grupo de mulheres potencializa/Cresol. O encontro, com o lema “Sementes de Luta, em busca da Justiça Social e da Soberania Alimentar”, aconteceu neste dia 11 de julho, na comunidade do Rio Gavião, em Nova Esperança do Sudoeste – Paraná.
A Festa das Sementes tem como objetivo fortalecer a troca de sementes, ramas, flores e frutos de diversas variedades, promovendo a produção de alimentos saudáveis, a soberania alimentar e a permanência das famílias no campo. Nesta edição, aproximadamente 700 pessoas participaram da festa, incluindo agricultores, escolas do campo, trabalhadores urbanos, pesquisadores e organizações de outras regiões do estado e do país.
Durante a mística inicial, organizada pela Escola Municipal do campo Angastão Cruz e Escola Estadual do campo de Rio Gavião, foi lançada a nova arte oficial que representará as futuras edições da Festa das Sementes. A arte foi criada coletivamente pelas organizações do Fórum Regional e desenhada pelo artista popular Adecir da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública Municipal de Francisco Beltrão (SINTEPFB), sendo composta por símbolos de luta, organização e diversidade da região Sudoeste.
A palestra da manhã foi conduzida por Frei Sérgio Antônio Görgen, militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) do Rio Grande do Sul e membro da Ordem Franciscana. Em seu discurso destacou cinco crises globais causadas pelo capitalismo: a crise energética, a crise ambiental, a crise sanitária, a crise alimentar e a crise geopolítica. Frei Sérgio enfatizou a importância de buscar soluções através da organização das entidades e da participação ativa na política: “Nos próximos anos as crises vão se aprofundar e o nosso dever é buscar saídas, que não são fáceis, exigirão muito esforço e organização das nossas entidades, participar ativamente da política, mudar o modelo produtivo, e por isso a festa de hoje é um símbolo importante nessa luta,” enfatizou.
A leitura da carta da festa das sementes, trouxe importantes reflexões sobre o modo de produção capitalista, que devasta, explora, contamina a natureza através dos agrotóxicos e restringe o direito dos povos à terra, a água e a biodiversidade, modelo que prioriza o lucro em detrimento do bem-estar da população. Para isso lutamos por sementes livres da dominação capitalista, por um país livre de violência, racismo, machismo e LGBTfobia, por uma produção livre de transgênicos e agrotóxicos, pela ciência e pelo respeito aos conhecimentos tradicionais, pelo direito à alimentação saudável aos trabalhadores do campo e da cidade, pelo direito de acesso à terra no campo e na cidade, por justiça aos que tombaram e pela vida do povo brasileiro.
As mais de 30 crianças presentes na festa, também tiveram sua participação através do espaço da ciranda e denunciaram as ameaças de privatização das escolas públicas no Paraná, pelo governador Ratinho Junior. A APP-Sindicato em conjunto com o Fórum Regional, lançou um abaixo-assinado, contra esse retrocesso, da venda das escolas públicas, o que é do povo, precisa permanecer com o povo. As empresas querem lucros, e elas farão isso cortando custos, reduzindo os direitos e salários de funcionários(as) e professores(as).
Ainda na parte da manhã, foi realizada uma homenagem a Augusto Pinto, que era da direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município e faleceu em maio, não conseguindo participar da festa das sementes, sendo ele quem instigou muito que a realização da festa fosse em Nova Esperança do Sudoeste.
O Coletivo de Guardiões Araucária destacou a importância da partilha e preservação das sementes como patrimônio dos povos, promovendo a autonomia produtiva, alimentar e organizativa. Na última Festa das Sementes, realizada em Pérola do Oeste, agricultores trocaram sementes que foram cultivadas e trazidas para esta edição. A família que recebeu as sementes desta vez assumiu o compromisso de plantá-las e trazê-las para a 20ª Festa, que ocorrerá em 2025.
O encontro foi concluído com a benção das sementes pelo Padre Baroni e a tão esperada partilha das sementes. Agricultores e agriculturas puderam escolher sementes, mudas e ramos para plantar, contribuindo para a resistência e fortalecimento da unidade entre campo e cidade e reafirmando o compromisso coletivo com a agroecologia e a preservação dos conhecimentos tradicionais.
A Festa das Sementes, símbolo de união e resistência, acontece anualmente em um município da região Sudoeste, continuando a luta por uma sociedade sem exploração, com justiça social e soberania alimentar.
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