Com muita mistica, animação e reencontros, aconteceu entre os dias 17, 18 e 19 de julho, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus de Cascavel, o IV Seminário Internacional de Educação do Campo das águas e das Florestas: desvendar, lutar e transformar, e simultaneamente o II Seminário por uma Educação do Campo da Região Sul.

O seminário, que reuniu aproximadamente 200 pessoas, entre pesquisadores, professores, estudantes, indígenas, quilombolas e agricultores é uma proposta das Articulações por uma Educação do Campo dos três estados (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), com o objetivo de fortalecer teoria e prática das ações de sistematização, e organização da participação em práticas educativas, desenvolvidas junto às classes trabalhadoras, enraizadas na perspectiva da Educação Popular e da Educação do Campo.

Para a professora Solange Todero Von Onçay, docente da Licenciatura em Educação do Campo (LEDOC), da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Erechim, o evento foi um marco no debate e retomada das discussões sobre a educação do campo.

“O seminário na sua programação trouxe mesas temáticas que nos trouxe uma atualização e um aprofundamento muito rico, nos dando também horizontes e rumos no desenvolver de nossas ações, na perspectiva do esperançar e fortalecer a educação do campo e seus projetos e propósitos depois de 25 anos de construção”, enfatiza Von Onçay.

Maria do Socorro Silva, diretora de Políticas Públicas de Educação do Campo das águas e das florestas e Indígena, na Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI/MEC), ressalva a importância desse seminário e mostra que o Brasil voltou a discutir educação do campo.

“O SIFEDOC traz uma representatividade de sujeitos que estão aqui no cotidiano da região sul discutindo a educação do campo, seja na educação básica, seja no ensino superior, e aprofundamento sobre essa caminhada, é um momento de reflexão, é um momento de socialização da produção que esta sendo feita no ensino, na pesquisa e na extensão, na organização social, e isso tem uma potência muito grande, e ele só contribui para que a gente volte a pensar nas politicas publicas desse país”, destaca Silva.

O I seminário aconteceu na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, no ano de 2012, a partir do observatório da educação do campo na região sul do Brasil, organizando um espaço onde reunisse sujeitos, que estão pensando na relação entre a educação do campo e a educação popular, apesar das especificidades, mas que é a educação emancipadora, e também pensando no viés da América Latina.

A partir do I seminário, o conjunto de entidades organizadoras deliberou pela continuidade e ampliação desse espaço de reflexão, para pensar uma educação que interessasse para a classe trabalhadora, por isso, ele foi sendo abraçado pelas articulações dos três estados do sul.

O II SIFEDOC aconteceu na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em Santa Maria, no ano de 2014, no Rio Grande do Sul, o III na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Erechim, no ano de 2017, também no Rio Grande do Sul, e o V Seminário Internacional de Educação do Campo das águas e das Florestas, acontecerá no estado de Santa Catarina.

Memória e reconhecimento de Conceição Paludo

O IV SIFEDOC foi pensado e organizado por vários sujeitos das universidades, organizações e movimentos populares, mas em especial pela professora Conceição Paludo, que faleceu no mês de maio aos 68 anos de idade, em decorrência de um câncer, por isso, seu nome e seu legado foram lembrados várias vezes durante o “Sife”, como carinhosamente ela chamava o seminário.

Graduada em Pedagogia, com especialização em Educação Psicomotora e em Orientação Educacional, mestrado e doutorado em Educação, Conceição era professora titular do Departamento de Estudos Básicos (DEBAS). Lecionava na graduação e na pós-graduação, na linha de pesquisa Trabalho, Movimentos Sociais e Educação (TRAMSE).

“Conceição nos deixa esse legado de afirmar a perspectiva de que a educação do campo ela precisa se inserir na dimensão de uma educação emancipadora, e que reúne o viés, que já é um legado constituído da educação popular, da educação dos movimentos sociais, com viés de emancipação dos educadores, e ai a divisão não é campo e cidade, mas sim que precisamos nos emanar no sentido de fazer a luta dos trabalhadores”, lembra Solange, com carinho da educadora Conceição.

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