Com as ações, o MST do estado ultrapassa 600 toneladas de alimentos doados desde abril de 2020, no início da pandemia da Covid-19.

Entre o dia 14 e esta segunda-feira, 19 de abril, famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) doaram 67 toneladas de alimentos a hospitais e pessoas em situação de vulnerabilidade de 13 cidades paranaenses. As doações chegaram a pessoas que estão entre os 116,8 milhões de brasileiros que enfrentam algum grau de insegurança alimentar, conforme a pesquisa divulgada no início de abril pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

Feijão, arroz, mandioca, abóbora, legumes e verduras, além de 2.100 litros de leite, 100 pães foram partilhados por famílias de mais de 50 assentamentos e acampamentos do estado. Cerca de 1.100 refeições também foram distribuídas em Curitiba, pela ação Marmitas da Terra, coordenada pelo MST.

Foto: Coletivo de Comunicação MST Norte-PR

As mobilizações marcam o Abril Vermelho, que ocorre em todo o Brasil em memória aos 25 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando a Polícia Militar do estado do Pará assassinou 21 trabalhadores rurais Sem Terra e mutilou outros 69, no dia 17 de abril de 1996. A repercussão nacional e internacional do crime levou à definição da data como Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Ceres Hadich, assentada no norte do Paraná e integrante da direção nacional do MST, frisa a chacina como um dos “episódios mais tristes, violentos, criminosos contra a classe trabalhadora e o MST”.

Neste período de pandemia, a solidariedade foi a marca do Abril Vermelho. “A gente transforma o nosso luto, a nossa dor, o nosso pesar pelos nossos mártires, em luta, em produção de comida, em promoção da vida e da solidariedade. […] E pra nós, solidariedade é partilhar aquilo que a gente tem, que é fruto do nosso trabalho”, completa a dirigente do MST.

A família de Marcelino Lemos, de 60 anos, esteve entre as centenas que receberam alimentos da Reforma Agrária durante a jornada do Abril Vermelho. Ele vive com a esposa e os filhos na ocupação Vila Jardim Veneza, no bairro Tatuquara, em Curitiba. A comunidade foi iniciada em dezembro de 2020, e hoje é formada por 348 famílias. “É sempre difícil para a gente que vive em aluguel. É um dinheiro que a gente tira da mesa. Complicou ainda mais com a pandemia”, contou Marcelino Lemos, ao explicar porque se mudaram para a ocupação.

Foto Breno Thomé Ortega

Com as ações realizadas do Abril Vermelho, o MST do Paraná ultrapassa 600 toneladas de alimentos doados desde abril de 2020 para quem enfrenta a fome neste período da pandemia. Ao todo foram 600.210 mil quilos, em cerca de 120 ações de solidariedade. No Brasil, as famílias Sem Terra partilharam mais de 4 mil toneladas de alimentos da Reforma Agrária.

As ações também cobram o avanço da Reforma Agrária e o apoio à Agricultura Familiar, o direito à vacinação já para toda a população, o auxílio emergencial de R$ 600 reais para as pessoas sem renda e o impeachment do presidente Bolsonaro, por agir de forma desastrosa e negligente diante da pior crise sanitária da história do país.

Plantio de árvores, mutirões e trancamento
Outras comunidades organizaram mutirões de plantio de árvores: foram 5 mil mudas no assentamento Contestado, da Lapa; 500 em Cascavel, no assentamento Valmir Mota de Oliveira; 200 árvores em Congoinhas; 500 mudas em São Miguel do Iguaçu; 50 mudas no acampamento Chico Mendes, em Matelândia; e no acampamento Nova Semente, em Catanduvas; no assentamento Estrela do Oeste, em Santa Maria do Oeste. Além de mutirões para o manejo de agroflorestas no acampamento Resistência Camponesa, de Cascavel.

No norte do Paraná, integrantes de acampamentos da região fizeram o trancamento da BR 170, em Porecatu, no dia 17, como parte das paralisações nacionais realizadas em memória ao massacre e em defesa da vida.

Também no sábado, famílias dos acampamentos Maria Rosa do Contestado, Padre Roque Zimmermann, de Castro, e Emiliano Zapata, de Ponta Grossa, realizaram um ato simbólico de embelezamento no hospital Cruz Vermelha, em Castro, com a capinagem, pintura dos muros, meio fio e sinalizações em frente ao hospital.

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