Entre os dias 25, 26 e 27 de agosto, a II turma do Curso de Realidade Brasileira Valdir Duarte, realizou a 4ª etapa deste ano, em Laranjeiras do Sul, que teve como temas centrais a educação do Campo, o cooperativismo de crédito e a luta pela terra. Esta etapa foi realizada junto as Unidades de Estudo, método de estudo e prática, construído ao longo do curso que procura dar centralidade a realidade das unidades em relação com a teoria.

O trabalho de campo desenvolvido no dia 25 de agosto, na Unidade de Estudo da Escola Itinerante Herdeiros do Saber, no acampamento Herdeiros da Terra de 1º de Maio, em Rio Bonito do Iguaçu, teve como programação compreender a luta, a resistência e os desafios da escola. Para as educadoras e educadores da escola, o conceito de itinerante é atribuído ao movimento das famílias camponesas na luta pelo acesso à terra. Compreender a história, as lutas, as famílias, a proposta, os desafios atuais, o projeto político pedagógico, as esperanças e caminhos possíveis do coletivo pedagógico envolvido com a formação de mais de 500 crianças, adolescentes e jovens, bem como a recente turma de formação de educadores na escola itinerante. Para a diretora do colégio Iraci Salete Strozak, colégio base para a escola itinerante, Jucélia Castelari, construir processos escolares que contribuam com o processo de avanço da luta pela terra é parte da educação pública, parte do projeto pedagógico do MST.

Pela noite, a Professora Doutora Marlene Sapelli, da UNIOESTE e também do Setor de Educação do MST, fez uma exposição sobre a construção das escolas a partir do MST. Desde as contribuições freireanas, somando-se as contribuições da pedagogia soviética e socialista, a conformação dos ciclos de formação humana e complexos de estudos, configurando em um programa estratégico de formação de um novo sujeito para uma nova sociedade emancipada. Dentro desse processo, as grandes limitações entre a elaboração desde o Movimento social e a sociedade real, concreta e um Estado que limita famílias a acessarem uma educação pública de qualidade.

No dia 26/08, o trabalho de campo desenvolvido foi na Unidade de Estudo da Cooperativa de Crédito Rural de Pequenos Agricultores e da Reforma Agrária do Centro Oeste

(CREHNOR), e teve como programação conhecer sua origem, as urgências das famílias em acesso ao crédito frente a uma complexa conjuntura nacional onde o crédito é majoritariamente fornecido para quem produz commodities, não alimentos. Nesta contradição a CREHNOR neste período mais recente construiu nacionalmente o FINAPOP que é um processo de captação de valores para as famílias camponesas terem recursos para produção de alimentos saudáveis. Após a exposição, a Unidade de Estudo apresentou a construção do método junto com trabalhadores da CREHNOR elencando objetivos a curto, médio e longo prazo.

Pela noite o Professor Doutor Pedro Ivan Cristofoli, da UFFS, protagonizou o seminário sobre a experiência cooperativa de Mondragón, localizada no território do país Basco na Espanha, como contribuições para o cooperativismo Brasileiro. A partir de sua pesquisa nesta região, trouxe a história e os princípios da construção da cooperação e principalmente da intercooperação entre trabalhadores, distinções entre o cooperativismo basco e brasileiro e a intencionalidade na tecnologia e agregação de valores para a progressão das cooperativas.

A reflexão sobre a agricultura familiar e camponesa, a educação pública do campo, o cooperativismo e a produção de alimentos aliada a organização entre campo e cidade foi eixo de debate continuo nesta etapa também, que de maneira coordenada pelo agrônomo Valdemar Arl e pesquisador da área, foi provocada entre a turma para um diálogo propositivo nas Unidades de Estudo para além de pesquisas tradicionais, construir processos permanentes de reflexão e ação nos territórios.

Lançamento do livro

No sábado( 27/08), a professora e doutora Ana Cristina Hammel, da UFFS, a partir de seu livro “Luta camponesa pela terra no Latifundio da Araupel”, fez uma importante exposição e debate sobre a história de luta pela terra da região centro sul do Paraná, a partir dos registros oficiais em cartórios e das empresas que foram grilando e tomando as terras públicas. Esta exposição, faz parte de outros lançamentos de livros importantes em outras etapas, que contou com a presença de lideranças nacionais e estaduais dos movimentos sociais.

A turma de educandos e educandas, com a certeza do processo de estudo como importante ferramenta para luta, construiu um entendimento místico e cultural do início ao fim, avançando na importância de aprofundar a Realidade Brasileira e Paranaense para qualificar e construir processos de formação e luta nas regiões.

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