A região sudoeste do Paraná, historicamente, cumpre um papel de resistência na agricultura familiar e na agroecologia, e é pensando nisso que a Assesoar traz na sua bagagem tecnologias ecológicas que ajuda nessa resistência das famílias e na subsistência delas no campo.

A cisterna ferro-cimento é uma das tecnologias que a Assesoar, há mais de 10 anos, tem implementado na região a partir do Projeto Tecnologias Ecológicas, quando diversas cisternas foram construídas em Unidades de Produção e Vida Familiar (UPVF’s) e Escolas do Campo. Após o finalização do projeto, validando-se a funcionalidade e importância da tecnologia, várias outras já foram construídas.

Felipe Grisa, engenheiro agrônomo da equipe da Assesoar, explica a importância desta tecnologia, como uma forma acessível, viável e ecológica de armazenamento de água, pois é um recurso indispensável a sobrevivência do ser humano, e nos últimos anos, com as questões climáticas, a escassez da mesma tem afetado muitas famílias.

“Os períodos de estiagens ocorridos nos últimos anos na região sudoeste do Paraná, nos mostram que existem sérios problemas relacionados a água, tanto em quantidade quanto em qualidade. E buscando solucionar tal problema, agricultores e administrações municipais tem adotado a prática de perfurações de poços. Entretanto, essa opção, ao mesmo tempo que soluciona o problema social da falta de água, contribui para agravar um problema ambiental. Isto porque, a perfuração de vários poços em uma mesma região, causa a diminuição do nível do lençol freático, contribuindo para o desaparecimento de fontes ou diminuindo a vazão das mesmas”, explica Grisa.

Durante o mês de outubro, a Assesoar realizou a construção desta tecnologia, na UPVF do agricultor familiar e associado, José Antonioli, do município de Ampére. Os recursos, vindos de Brot für die Welt (Pão para o Mundo), da Alemanha, e Comitê Católico Contra a Fome e pelo Desenvolvimento (CCFD-Terre Solidaire), da França, ambas cooperação internacional da entidade, que tem como objetivo de alcançar um mundo sem fome, sem pobreza e sem injustiça, no qual todas as pessoas possam ter uma vida digna.

Para o agricultor José Antonioli, essas tecnologias precisam estar ao alcance da população. “O projeto de construção da cisterna teria que virar uma politica publica, todo agricultor tinha que ter, por que hoje sem água você não faz nada, e do jeito que esta o clima hoje com essas alterações ninguém consegue mais ter água suficiente”, avalia Antonioli.

Cristiane Katzer, agricultora familiar e presidenta da Assesoar, comenta sobre a importância de se investir em tecnologias sustentáveis pensando nas famílias agricultoras. “Investir em tecnologias ecológicas na região, faz com que os agricultores tenham uma ajuda para estar desenvolvendo a sua atividade para a produção de alimentos, para melhorar a qualidade de vida dessa família, principalmente”, expõe Katzer.

Capacidade e uso da cisterna

“A construção de cisternas, além de ser uma alternativa muito mais barata, não causa danos ao meio ambiente. A grande importância da implantação desses sistemas, é diminuir a exploração das águas subterrâneas, além de garantir a disponibilidade de água, aproveitando os períodos chuvosos para captar e armazenar a água de fontes protegidas e de telhados, para ser utilizada nos períodos mais secos”, explica Felipe Grisa.

A cisterna é construída sobre o solo, estruturada, em malhas de ferro, telas de alumínio e plástica e argamassa de cimento e areia. Sua base é feita de concreto. Para fazer a conexão da calha do telhado de captação à cisterna, utiliza-se tubulações que são dimensionadas de acordo com o tamanho do telhado e distância do mesmo até a cisterna.

No geral, as cisternas tem capacidade de armazenamento de 30 mil litros. Esta água pode ser utilizada para irrigação, para os animais, higienizações e parte sanitárias, e em caso de escassez para consumo humano, após tratamento ,com métodos de fervura ou cloragem, pode ser utilizada também para este fim.

Na propriedade da família Antonioli, a construção da cisterna foi pensada e construída em um lugar alto, para assim a água descer por declive, e ser usada tanto para a casa, como também para os animais e a horta.

“Como esta em um lugar alto, se caso der uma estiagem e for preciso largar água la na casa do pai e da mãe para usar para limpeza da casa, para banheiro e lavar uma roupa ela vai por declive. Vai na horta, nas galinhas poedeira, para estrebaria e para o chiqueiro dos porcos, é esse o objetivo, e tem um reservatório”, avalia José.

Com essa tecnologia instalada, a família tem a perspectiva de ampliar a produção, com o objetivo de instalar um sistema de irrigação para a horta, e assim, no futuro poder comercializar o excedente.

“As tecnologia elas também vem com o olhar de multiplicar, pensando na sustentabilidade da propriedade e da agroecologia. Com uma dessas implantadas na propriedade, a família também vira referencia da comunidade e do município onde mora”, enfatiza Cristiane, presidenta da Assesoar.

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