A publicação é resultado do Projeto “Formação de Professores e Professoras em Escolas do Campo” coordenado pela Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural no período de março de 2019 a dezembro de 2022, com o apoio financeiro da Brot für die Welt (Pão para o Mundo – PPM) da Alemanha.

Por: Geani Paula/ Comunicação Assesoar

“É tempo de colheita”, foi assim que Antonio Inácio Andrioli, doutor em ciências econômicas e sociais e professor da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó, iniciou o prefácio no livro, “Formação de professores e professoras em escolas do campo: Reflexões a partir de diferentes lugares e olhares”.

E foi com esse entusiasmo de colheita, que no dia 30 de abril, foi realizado lançamento oficial da obra que é resultado do Projeto “Formação de professores e professoras em Escolas do Campo”, coordenado pela Assesoar, entre março de 2019 a dezembro de 2022, com apoio financeiro de Brot fur die Weelt (Pão para o Mundo-PPM), da Alemanha.

“Nessa colheita nós estamos celebrando aqui a derrubada de três cercas, que sempre nós falamos nesse processo, que não é só a cerca do latifúndio e da concentração de terras, não é só a cerca do capital, da desigualdade social, mas também da dificuldade que nós temos de acessar conhecimento. Vamos celebrar conquistas”, enfatiza Andrioli.

Foto: Jaine Amorim

O projeto teve como público-alvo estudantes do curso Interdisciplinar em Educação do Campo: Ciências Sociais e Humanas, em regime de alternância da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Laranjeiras do Sul.

Com o objetivo de garantir a continuidade e a finalização dos estudos do curso, o projeto garantiu por meio de recursos o transporte, hospedagem e alimentação durante o Tempo Universidade dos estudantes das turmas C, D, E e F em regime de alternância.

O curso de licenciatura, que iniciou no ano de 2014, adota a formação em alternância como estratégia curricular, alternando dois períodos pedagógicos que interagem entre si: o “Tempo Universidade” e o “Tempo Comunidade”. Durante o tempo da Universidade, os estudantes realizam atividades acadêmicas na Universidade e durante o Tempo Comunidade os mesmos ficam em suas comunidades de origem para realizar projetos relacionados às suas práticas cotidianas.

O professor Fábio Luiz Zeneratti, explica a importância desse projeto para a garantia das turmas de licenciatura. “Na época a realidade era a seguinte, o curso iria terminar, nós tínhamos recurso do ProCampo, e tínhamos, via editais, como pagar a manutenção das turmas no tempo universidade, e os editais acabaram, acabou o dinheiro, e o formato do curso em alternância que acontecia no Ceagro, que precisava de dinheiro, e a nossa realidade era a seguinte, o curso acabou”, explicou Zeneratti, que hoje é diretor do campus de Laranjeiras do Sul.

Na época, o vice reitor da UFFS, era o professor Antônio Andriolli, que defendeu o curso, junto com a comunidade acadêmica, para garantir a continuidade do mesmo, pois incluía os sujeitos mais vulnerabilizados, e assim, buscou recursos com Pão Para o Mundo (Brot für die Welt), via um projeto junto a Assesoar que viabilizasse as turmas de licenciatura com a formação em alternância.

“Quando a gente diz que a universidade é popular, ela assume prioridades, e qual era a prioridade? aqueles que historicamente não foram favorecidos, que mais precisam, esse recurso também teve esse critério”, destaca Andrioli.

O projeto teve início em março de 2019, contemplando assim 124 estudantes, entre indígenas, acampados e assentados da Reforma Agrária, quilombolas e agricultores tendo até o mês de dezembro de 2022 graduado 47 estudantes participantes do Projeto.

“O projeto tão bonito, que hoje resulta no livro, mas que no percurso todo teve outras ações que foram tão bonitas quanto esse livro aqui, e a Assesoar esteve sempre junto conosco”, disse Zeneratti.

A obra

Como resultado, a Assesoar e UFFS, organizaram a obra “Formação de professores e professoras em Escolas do Campo: Reflexões a partir de diferentes lugares e olhares”, onde apresenta diferentes realidades da Educação do Campo a partir de pesquisas realizadas durante a elaboração dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs), problematizando a realidade de suas respectivas comunidades e contextos. Entre os temas abordados, estão a educação do campo, as cirandas infantis, a luta pela terra e seus territórios, a agroecologia, questões de gênero, a educação em espaços de luta, o saber popular, as temáticas indígenas, quilombolas, o currículo e a democracia.

“Este foi um trabalho coletivo, entre a Assesoar, a UFFS e Pão para o Mundo, onde evidencia a realidade do sujeito do campo. Esse livro não tem uma palavra única que eu diria que ele representa, mas pela figura, que é o girassol, podem ter uma interpretação, como o significado do girassol para a educação do campo”, explicou Liria Andrioli, professora da UFFS e uma das organizadoras do livro.

Foto: Jaine Amorim

Para a Assesoar, que sempre defendeu a educação do campo, a obra é um reflexo da diversidade que temos quando vamos para as escolas do campo.

“A gente vivencia uma sociedade, e quando olhamos para a educação e também para a agricultura, a ideia de nos enquadrar em um só espaço, em um só tipo de lugar, em um só tipo de olhar, a diversidade de olhares que a gente tem nesse projeto, é algo que historicamente tenta se apagar, e a educação do campo, ela vem desde esse início nessa resistência”, aponta Cristiane Katzer, presidenta da Assesoar.

A obra esta disponível para dowload em nosso site, e também em diversos sites de livros.

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