Por: Geani Paula/ Comunicação Assesoar

Foto: Geani Paula/Assesoar

Durante os dias 20 e 21/06, realizamos um intercâmbio com agricultores e agricultoras do sudoeste, para conhecer as experiências produtivas, organizativas e coletivas do Assentamento Contestado e da Escola Latina Americana de Agroecologia (ELAA), que ficam no município da Lapa, região sul do Paraná.

O intercâmbio teve como objetivo promover a troca de experiência entre agricultores e agricultoras e organizações, através da visita a experiências organizativas, produtivas e de comercialização realizadas pela Cooperativa Terra Livre e grupos de trabalho do Assentamento Contestado. Foram dois dias de muitos aprendizados e experiências que fortaleceram as relações de agroecologia.

Antônio Capitani, presidente da cooperativa, e assentado da Reforma Agrária, nos contou um pouco do histórico local, e as conquistas que os camponeses tiveram durante esses anos de lutas, principalmente na produção de alimentos diversos, de qualidade e sem veneno.

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A ocupação se deu no dia 07 de fevereiro de 1999, e a área pertencia ao grupo Incepa, que tinham dívidas com a União e em vários bancos. Após alguns meses a área foi destinada para assentar as 108 famílias. E aos poucos aquela se tornando uma grande comunidade, com escola, associação, cooperativa, posto de saúde.

Capitani relatou das dificuldades de se produzir naquela terra no início, pois muitos vinham de outras regiões do estado, onde o solo é bem diferente, mas com persistência hoje produzem muitos alimentos. “A questão não é a quantidade de terra, mas sim a produção diversificada de alimentos que se produz”, diz Capitani.

Algo muito importante que se caracteriza no assentamento, é a organicidade interna das famílias, dentro dos núcleos de base e dos setores, o que garante a sustentação das discussões e dos debates entre as famílias. “Precisa existir a cooperação, sem isso não faríamos nada”, enfatiza Antônio Capitani.

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Por dentro dos núcleos e setores que debatem a produção, e assim criam primeiro uma associação, e mais tarde a Cooperativa Terra Livre, que no início eram 70 associados e associadas, e hoje contam com mais de 240 sócios, em 15 municípios do Paraná.

Escrita no projeto de merenda escolar, a cooperativa entrega hoje aproximadamente 30 toneladas de alimentos agroecológicos por semana, para escolas estaduais de Curitiba e região metropolitana. Para organizar toda essa produção, contam com mais de 30 pessoas trabalhando permanente na cooperativa.

“A comercialização da cooperativa, mesmo sendo em quantidades maiores do que a gente tem aqui, vemos que temos muito a evoluir, muito a produzir, muitos processos a se construir ainda dentro das cooperativas, e muito a se desenvolver na parte de produção na nossa região, pois a nossa região se pensa ainda muito nos grãos, e não se pensa na produção de alimentos como fonte de renda”, avaliou Deise Basso, agricultora familiar do município de Marmeleiro, que participou do intercambio.

Além das experiencias de comercialização da cooperativa, os agricultores puderam conhecer as experiências na produção de mudas e de bioinsumos que eles produzem, onde os associados podem adquirir, para assim ampliar a produção agroecológica.

Durante a visita pelo assentamento Contestado, pudemos visitar experiencias no Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), agroflorestas, estufas de morango, consórcio de plantios de hortaliças e tubérculos e plantas medicinais, todas produções agroecológicas e certificadas pela Rede Ecovida de Agroecologia.

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“É sempre um conhecimento a mais, uma oportunidade de conhecer experiencias diferentes do trabalho de agricultores, nós temos muito conhecimento em livros, mas na prática é bem diferente. Então você vê a organização da cooperativa, processos diferentes de produção, algumas coisas que temos dificuldades e ver que outros agricultores também tem, é sempre um aprendizado”, complementa Deise Basso.

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