No dia 04 de dezembro, aconteceu o Intercâmbio Formativo entre as turmas de formação, que a Assesoar acompanha, dos Sindicatos da Agricultura Familiar dos municípios de Chopinzinho, Coronel Vívida, Dois Vizinhos, Pérola do Oeste e Nova Prata do Iguaçu.

O encontro foi realizado na comunidade de Linha Vitória, no município de Chopinzinho, na Unidade de Produção e Vida Familiar (UPVF) de Érica e Delair, família associada ao SINTRAF, que acolheu o intercâmbio, entusiasmados em mostrar suas experiências de sucessão familiar, turismo rural e aprendizados cotidianos da agricultura familiar.

“Tínhamos um sonho e ele foi se construindo, se deu com muitas parcerias, mas também com muito suor e trabalho. Hoje temos muitas atividades, principalmente no turismo e na cultura, mas nosso desafio para ampliar as produções, é a falta de mão de obra”, conta Érica entusiasmada, e dando as boas-vindas a todos.

A mística e a militância na Luta Popular

Se corpo, mente, coração são partes importantes e não isoladas, o militante, a organização e a luta também. A Educadora Popular da Assesoar, Lunéia de Souza, refletiu com todos. “ O princípio dos seres humanos é a coletividade, o agrupamento. O capitalismo que não é algo natural, mas social, prioriza a individualização de cada um, usar os outros para subir. Lógica de competir sempre. Este capitalismo diz que negros, mulheres, indígenas não são singulares, por isso ele os separa”, diz.

Compreender este princípio é fundamental para a militância entender que a luta das mulheres, negros e povos tradicionais é uma luta de toda classe trabalhadora.

A capacidade de sonhar, para além das noites é parte da construção da militância. Qual é o sonho do Povo Palestino? Se manter vivo. Essa capacidade que tiraram de sonhar para além da sobrevivência é um desafio para todos. A Utopia é diferente de fantasia. A utopia leva a sonhar com um mundo justo, fraterno e livre.

Luneia segue perguntando, “o que seriamos capazes de fazer pelas pessoas que mais amamos? Sentimos esse mesmo amor na luta pelo direito ao pão, ao teto e a terra?”, diz ela a todos para refletirem.

Durante as reflexões da educadora, os agricultores familiares também iam fazendo suas falas, refletindo sobre o seu cotidiano nas organizações. O Agricultor Familiar Sílvio da Silva, do município de Dois Vizinhos diz que, “prova de amor maior não há, do que doar nossa vida pelos nossos irmãos”.

A agricultora familiar Terezinha, do município de Pérola D’Oeste fala sobre os aprendizados nas formações. “A formação nossa é coletiva, respeitando nossa compreensão individual de onde viemos”, contribui.

A mística e nossos militantes

A mística humaniza, não é só relembrar o passado, e sim projetar o futuro. Quando se rememora as pessoas que se foram, que se tornaram sementes, elas faziam parte de um projeto coletivo, é deste projeto e deste sonho que mais queremos trazer a tona. A amizade, rever os companheiros e companheiras, pois ainda temos resquícios de uma pandemia que distanciou bastante.

A mística ajuda a sacudir a poeira quando se esta em processos de resistência. A mística que faz acreditar e continuar. Mística tem esse vigor, essa coragem. Vontade de mudança. Reafirmar o compromisso sempre com o povo.

Serema Machado, agricultora familiar do município de Coronel Vivida, enfatiza que na nossa mística os alimentos saudáveis são a potência de nossa proposta de sociedade, uma vida saudável, em abundância. “Que bom seria se todos tivessem esses alimentos. Saber que temos que seguir nesse caminho é o que nos faz ter força”, reflete a agricultora.

José, da direção do SINTRAF de Chopinzinho/Sulina, ao agradecer a todos e todas presentes enfatizou que, “a agricultura familiar tem alternativas de renda e por isso é uma proposta de modo vida para as famílias que persistem em ter sua vida no campo”.

Elizandro Krajcyk, diretor da FETRAF/Paraná, e Neveraldo Oliboni, diretor do SINTRAF de Nova Prata do Iguacu, complementaram José, reafirmando que as políticas públicas para a agricultura familiar em períodos de governos progressistas e populares forneceram subsídios para que a classe trabalhadora sonhasse. Estes sonhos foram solidificados pelos militantes, que arregaçaram as mangas e lutaram para concretizá-los.

Cristiane Katzer, presidenta da Assesoar, destacou que as organizações se fazem com militantes e sem eles certamente não se teria os avanços e conquistas que tivemos. “Nossa região tem muitos desafios e que eles se tornam um pouco menores quando sabemos que estamos juntos, sindicatos, movimentos, organizações. Essa unidade é fruto da construção da nossa militância”.

Lunéia, finaliza afirmando que o desafio é “encarar a militância mais que uma tarefa ou um cargo. Ser militante é sobretudo um grande ato de paixão e de amor ao povo”, conclui.

Ao fim, foi construído e debatido princípios e atitudes da militância neste período, onde se destacou o amor pelo povo, a solidariedade, o companheirismo e a construção de exemplos coletivos que dão sinais de mudanças na realidade.

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