O IV Seminário Internacional de Educação do Campo das águas e das Florestas: desvendar, lutar e transformar (SIFEDOC), que aconteceu durante o mês de julho, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus de Cascavel, também foi marcado pela organização dos estudantes e egressos licenciados, que realizaram a 1ª Assembleia Nacional de Estudantes e Licenciados/as da Educação do Campo, com objetivo de discutir a pauta da carreira docente a nível de país.

A assembleia aconteceu de modo virtual, por vídeo chamada, e de modo presencial, no dia 18 de julho, e foi considerada uma atividade de grande êxito, com a participação de aproximadamente 200 pessoas. Além disso, contou com a presença da diretora de Políticas Públicas de Educação do Campo das águas e das florestas e Indígena, professora Maria do Socorro Silva, que representa a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI/MEC).

Assembleia dos estudantes e egressos.

Para se organizarem de maneira coletiva, os estudantes e egressos formaram a Articulação de Estudantes e Licenciados/as da Educação do Campo (ANELEDOC), onde reúne sujeitos de todo o Brasil.

Para Antony Corrêa, licenciado em educação do campo, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e faz parte da comissão politica pedagógica que coordena a ANELEDOC, a assembleia foi a formalização da articulação e também um momento para debater as pautas sobre a inserção dos mesmos.

“A assembleia que reuniu estudantes e egressos da licenciatura em educação do campo, é considerada histórica, pois houve a oficialização da Articulação de Estudantes e Licenciados/as da Educação do Campo (ANELEDOC), e também pela pauta em evidência, a qual trata da inserção na carreira profissional desses sujeitos”, enfatizou Corrêa.

A principal pauta da assembleia foi a inserção e reconhecimento da carreira profissional dos licenciados em educação do campo na educação básica. “A pauta trata tanto da inserção imediata do perfil desse licenciado e licenciada nos concursos e processos seletivos a nível municipal, estadual e federal, quanto da construção da carreira docente e melhores condições de trabalhos para esses educadores e educadoras do campo, das águas e das florestas”, disse Antony, que atualmente desenvolve pesquisa de mestrado sobre a inserção profissional dos Licenciados em Educação do Campo, no Programa TerritoriAL, pela Unesp.

Os curso de Licenciatura em Educação do Campo, existem há cerca de 15 anos em algumas universidades, com objetivo de formar professores por área do conhecimento, para atuarem na educação básica (ensino fundamental, anos finais e ensino médio).

“O que ocorre é que parte desses sujeitos formados nas Licenciaturas em Educação do Campo encontra dificuldades para atuar na educação básica, porque tem seu diploma questionado, recusado, ou não incluso nos editais”, explica Antony.

Jaqueline Boeno, formada em licenciatura em educação do campo pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), em 2013, realizou concurso publico neste mesmo ano, e em 2015, quando foi chamada para a posse, foi impedida de assumir porque apresentou diploma de educação do campo.

Compromisso das organizações, junto a ANELEDOC.

“No estado do Paraná a gente tem um histórico de negação dos cursos de licenciatura em educação do campo quando vão participar de processos seletivos para contratação de professores, quanto também, para concursos públicos. Os dois últimos concursos públicos, de 2013 e 2023, nós temos a negação da participação dos licenciados em educação do campo para concorrer as vagas previstas no edital, primeiramente porque nos concursos só constam licenciatura plena na disciplina, e não licenciatura plena na área de conhecimento, e também na educação do campo”, conta Boeno.

Durante a assembleia, os participantes construiram um manifesto, relatando esta problemática, que tem gerado grande impacto na vida desses sujeitos, o que para eles, resulta na exclusão da docência na educação publica.

E como forma de reconhecimento e compromisso, ao final do IV SIFEDOC, as organizações, movimentos e universidades presentes, assumiram o compromisso, junto a ANELEDOC, de estar junto a essa luta pelo reconhecimento dos profissionais.

Acesse o manifesto aprovado, aqui: Manifesto Pelo Reconhecimento Profissional dos/as Licenciados/as em Educação do Campo do Brasil: https://tinyurl.com/mpuctafr

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