Aconteceu, entre os dias 21 de abril a 1º de maio, na sede da Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESOAR), em Francisco Beltrão, região sudoeste do Paraná, o XIV Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV), que reuniu mais de 50 jovens de universidades de sete estados brasileiros, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Ceará, além da Colômbia.

A realização do EIV se deu pela Assesoar, Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS – Campus Laranjeiras do Sul) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF- Paraná), e ainda contou com a parceria do Fórum Regional das Organizações e Movimentos Sociais Populares do Campo e da Cidade do Sudoeste do Paraná.

O estágio foi dividido em três etapas, a primeira, os educandos e educandas participaram de um processo de formação de quatro dias na Assesoar, intercalada com oficinas de serigrafia, teatro, muralismo e batucada. Na segunda, também num período de quatro dias, vivenciaram as realidades e contradições da agricultura familiar e camponesa da região sudoeste do Paraná, bem como as dificuldades e lutas das organizações da classe trabalhadora, frente a ofensiva neoliberal.

Na terceira etapa, de três dias, os estudantes socializaram suas vivências, aprofundando o debate do papel da juventude para a construção de uma nova sociedade, e participaram do Seminário do Dia do Trabalhador, organizado pelo fórum regional.

Para Fernan Silva, da coordenação do Levante, o objetivo do EIV é formar a parir da realidade. “É formar pessoas, que sejam sujeitos de sua realidade e de um projeto para construção de uma nova sociedade”.

A proposta político-pedagógica adotada é a partir do método Josué de Castro, um acumulo da pedagogia soviética de Makarenko. Fernan salienta, que “o importante, além do que se aprende, é a forma de aprender. O povo trabalhador, além de ter limitações de acessar educação e os conteúdos básicos, acessa de uma forma intencionalmente condicionada a subordinação. A nossa proposta, visa entender a interação e deixar nítido ela. Temos intenção e intencionalidade na construção desse processo. Essa proposta não é de uma forma espontânea, mas sim, um processo acumulado histórico dos movimentos populares”, conclui.

Para Luiz Freire, da direção executiva da Assesoar, o desafio das organizações é construir mais momentos coletivos como esse, para a juventude compartilhar e compreender as organizações. “Foi um momento em que a juventude pode conversar, estudar, ter momentos de descontração e também de vivencia e refletir sobre a dinâmica da agricultura familiar e suas organizações, e também um pouco da história da Assesoar os jovens puderam conhecer”, avalia Freire.

Origem do EIV

O EIV teve sua origem na década de 1980, por meio do debate de estudantes dos cursos de Agrárias, em busca de conectar os desafios do campo, com as mobilizações e movimentos populares que estavam surgindo, a exemplo da Comissão Pastoral da Terra, MST e MAB. Também apontavam a insuficiência e a grande limitação dos centros universitários.

Na edição de 2023, além de estudantes das agrárias, houve a participação dos cursos de geografia, relações internacionais, ciências sociais, antropologia, nutrição, engenharia ambiental e licenciatura em educação do campo (formada basicamente por indígenas).

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