Por: Geani Paula de Souza/ Comunicação Assesoar.

O encontro reuniu mais de 800 pessoas ligadas à Agroecologia em uma Escola do MST que tem seu histórico na formação Agroecológica.

“Agroecologia e Democracia. Protagonismo popular e práticas agroecológicas: respeitando vidas e promovendo diversidade”, foi o lema do  12° Encontro Ampliado da Rede Ecovida de Agroecologia (EARE), que aconteceu entre os dias 03, 04 e 05/11, na Escola Milton Santos, em Maringá, região noroeste do Paraná.

Daniela Calza, assentada no Assentamento Santa Maria, em Paranacity, no Paraná, integrante do núcleo Libertação Camponesa, explica sobre o saldo organizativo que foi realizar este encontro em um espaço do MST.

“Para o núcleo Libertação Camponesa, que a sua maior parte é composto por assentamentos e acampamentos, e junto com os outros núcleos de Maringá, o Peroba Rosa e o Arenito Kaiowá, tem essa importância de trazer o debate da Reforma Agrária para dentro da Rede Ecovida, e esse é o saldo político e organizativo para a região”, disse Calza, que também é assessora tecnóloga do CAPA Rondon.

O encontro reuniu aproximadamente 800 pessoas ligadas a Rede Ecovida dos três estados do sul, com participação de pessoas do estado de São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Amazonas, além de estudantes Colombianos e Chilenos da Unila,  e trouxe uma diversidade de sementes, mudas, flores e alimentos oriundos da agricultura familiar e camponesa para a Feira de Sabores e Saberes.

A plenária de abertura se deu com muita animação com os artistas populares da Banda Filhos da Mãe Terra, do Paraná, e Bruna Ave Cantadeira de Santa Catarina, que acolheram a chegada dos núcleos com muita música e alegria, e fizeram a animação de todo o encontro.

Na mesa de abertura o tema, “Democracia e Feminismo”, conduzida pelas professoras Rita de Cássia Machado, do coletivo As Pensadoras, e Laetícia Jalil, do GT mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), onde trataram sobre as necessidades de enfrentar a desigualdade de gênero e o racismo, principalmente no campo.

“A democracia não suporta que mulheres estejam em espaços de poder. Esta democracia é falha e capenga, porque não inclui as mulheres, e quando as inclui as violenta”, enfatizou Rita, apresentando várias mulheres que foram mortas por defenderem seus direitos.

Laetícia, abordou que a Agroecologia não pode ser simplesmente a conversão do sistema produtivo, mas que esse fazer agroecológico tem que ser guiado por princípios para desconstruir o machismo e o racismo que infelizmente estruturam nossa sociedade.

“A gente tem que estimular que as mulheres participem, que elas falem, que elas vão para feira, acessem crédito, nós quanto movimento agroecológico precisamos assumir o compromisso coletivo de destruir o machismo, o capitalismo e o patriarcado”, enfatiza Jalil.

Na plenária ecoavam gritos como, “Sem Feminismo, não há Agroecologia”, “Se tem racismo, não é Agroecologia”, “Se tem LGBTfobia, não é agroecologia”, para mostrar a presença das mulheres e da equidade de gênero nos espaços da Rede. Na finalização da plenária, o GT Mulheres trouxe o que vem sendo feito para avançar neste debate, afirmando que para garantir este avanço, precisa ser um compromisso coletivo de mulheres e homens.

Para Joelma Gomes de Queiroz, agricultora, coordenação da Rede Ecovida pelo Paraná, trazer estes debates foi consenso para ampliar a diversidade na rede. “Foi muito importante para os agricultores debater que sem Feminismo não há agroecologia, e pautar os territórios, as diversidades na rede, que hoje nem tudo a gente contempla. Esse debate de LGBTQIA+ foi de consenso estar pautando isso nos nossos espaços”, enfatiza Queiroz.

“Agroecologia é diversidade, é respeito, é inclusão, é oportunidade”, disse o jovem Allan Fernandes, agricultor do Rio Grande do Sul e integrante do GT juventude da ABA Agroecologia, e enfatiza que este espaço da Rede Ecovida precisa ser ainda maior de debate, influência e incidência política.

No segundo dia, foram realizados os seminários e as oficinas, que renderam muitos debates e encaminhamentos para a rede, e também um momento de troca de experiências e saberes da agricultura familiar.

A atividade foi movida pelas interações dos encontros e reencontros agroecológicos, pois devido a pandemia, o mesmo não pode ser realizado em anos anteriores, por isso, ele foi cheio de emoções e muitos aprendizados. 

“Só pelo fato de ser um encontro e reencontro de saberes e trocas de sementes, socialização de experiências, já é algo muito positivo, sem contar as amizades que fazemos em um encontro desses, e a disseminação de experiências e a participação de todos, acho que isso é muito importante e positivo”, conta Joelma sobre os saberes na rede.

Durante os dias do EARE, uma equipe contribuiu com os cuidados na saúde, aplicando terapias populares, como a auriculoterapia, johrei, massagens, chás, entre outros cuidados naturais.

Encontrinho

E para que mulheres e homens participem das atividades, durante o 12° Encontro Ampliado da Rede Ecovida, aconteceu o “Encontrinho”, um espaço fundamental para que as mães e pais pudessem deixar seus filhos enquanto estavam em atividade, com educadoras e educadores infantis que ajudaram na organização das crianças.

“Além de ser pedagógico a participação das crianças no espaço, de estarem fazendo parte, aprendendo e crescendo na construção da agroecologia, também é um importante espaço de participação da família, de homens e mulheres que tem a tarefa do cuidado com as crianças, especialmente as mulheres, para poderem também participar da atividade”, explica Daniela Calza.

Plenária final

Na manhã do domingo, 05, na plenária final da rede, foi um momento de retorno das atividades, com apresentações das sínteses dos seminários e as propostas de encaminhamentos, além da apresentação da nova coordenação da Rede Ecovida, para os próximos dois anos.

No momento, também foram feitos agradecimentos às pessoas que contribuíram na construção desse encontro, mas para a rede, a participação coletiva é um princípio,

“São várias mãos unidas, pois a participação é um principio da Rede, então todo mundo participando para realizar um evento, que para a gente é um espaço de socialização de experiências, compartilhar a diversidade, e mostrar o que a gente faz na prática enquanto agroecologia”, destaca Joelma.

As crianças que participaram do “Encontrinho”, fizeram uma participação na plenária, apresentando as atividades que realizaram durante os três dias, com músicas e alegria dos pequenos.

Para encerrar, foi anunciado o 13º Encontro da Rede, que acontecerá em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, no ano de 2025.

Posts Recomendados

Ainda sem comentário, adicione o seu abaixo!


Adicionar um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *