Diretriz do Instituto do Câncer estabelece prazo máximo entre diagnóstico e cirurgia, entre outros itens   Clarissa Thomé, de O Estado de S. Paulo   O Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulga hoje uma lista de recomendações para o controle da mortalidade do câncer de mama.

Entre as medidas, estabelece em 3 meses o prazo máximo entre o diagnóstico de tumor e a cirurgia. Também fixa o período para o início das terapias complementares, como químio e radioterapia – entre 60 e 120 dias após o tratamento inicial.  A divulgação faz parte das ações da instituição no Outubro Rosa, movimento internacional que busca chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama.  A cirurgia logo depois do diagnóstico garante maior sobrevida às pacientes. Estudos científicos mostram que a demora superior a três meses compromete a expectativa de vida das mulheres. As pacientes que se
tratam pelo Sistema Único de Saúde (SUS) precisam esperar 188 dias, em média, entre o diagnóstico e a cirurgia, segundo levantamento divulgado pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama). Essa espera cai para 15 dias se a pessoa tiver plano de saúde.  As sete recomendações divulgadas pelo Inca não têm força de lei, mas se forem seguidas pelas secretarias municipais e estaduais de saúde e pelos consultórios particulares têm potencial para reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida das pacientes com tumores de mama. Esse é o tipo de câncer que mais mata na população feminina – 12 mil mulheres morrem por ano em decorrência da doença.  Tratamento
“Essas recomendações são um desdobramento do que a gente sugeriu no ano passado, quando o foco foram estratégias para detecção precoce. Detectar não é um fim em si mesmo. O importante é que se instituam medidas necessárias para que o câncer seja tratado adequadamente”, afirmou o oncologista José Bines, responsável pelo grupo de tumor de mama do Inca. “O País é grande, heterogêneo, e a ideia é instituir parâmetros mínimos
para que sejam alcançados em todo o território nacional. O ideal é que a cirurgia e as terapias sejam feitas o mais breve possível. Estabelecemos tempos máximos; os lugares que estão fazendo em menos tempo, melhor”.

Segundo o Inca, toda mulher deve ter seu diagnóstico complementado com a avaliação do receptor hormonal. “A maior parte dos tumores de mama são alimentados pelo hormônio feminino. No exame do tumor como um todo, o patologista identifica a presença ou não do receptor hormonal. E este receptor está presente em 70 a 80% dos casos”, explica Bines. “Se
estiver presente, é preciso fazer um tratamento anti-hormonal para inibir esse potencial crescimento.” Essa terapia também está no rol divulgado pelo Inca – se indicada, deve ser iniciada em até 60 dias depois da cirurgia.  O Inca também recomenda que as mulheres com câncer de mama sejam acompanhadas por equipe multidisciplinar de especialistas
(oncologista, cirurgião, radioterapeuta, enfermeiros, psicólogo) e tratadas em ambiente acolhedor, com acesso a cuidados paliativos. Os hospitais também devem ter Registro de Câncer em atividade, serviço que permite coletar informações para monitorar e avaliar a qualidade do tratamento oferecido às pacientes.

> DIRETRIZES PARA O CÂNCER DE MAMA

1. Ação rápida Tratamento deve começar logo após diagnóstico; cirurgia
para retirada do tumor não deve ultrapassar prazo de 3 meses.

2. Ação complementar Prazo para início de tratamento de quimioterapia ou
hormonioterapia é de 60 dias e o de radioterapia, 120 dias.

3. Receptor hormonal Diagnóstico deve ser complementado com avaliação do
receptor hormonal.

4. Atenção multidisciplinar Tratamento deve contar com equipe que inclua
médicos (cirurgião, oncologista clínico e um radioterapeuta), enfermeiro,
psicólogo, nutricionista, assistente social e fisioterapeuta.

5. Abordagem humanizada Ambiente para paciente diagnosticada receber
cuidados deve respeitar sua autonomia, dignidade e confidencialidade.

6. Registro de Câncer Hospital onde paciente é acompanhada deve ter
Registro de Câncer, para monitorar e avaliar a qualidade do tratamento.

7. Cuidados paliativos Paciente tem direito aos cuidados paliativos para o
adequado controle dos sintomas e suporte social, espiritual e psicológico.

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